quinta-feira, 19 de outubro de 2023

📚 Feudalismo: texto e atividade


FEUDALISMO

Nos últimos anos do Império Romano do Ocidente, as invasões bárbaras eram frequentes e traziam insegurança aos moradores das cidades, que buscaram refúgio nas regiões rurais, longe das incursões de saques e pilhagens dos povos bárbaros. Esse processo se intensificou com a divisão do Império Romano-Germânico entre os herdeiros de Carlos Magno, em 843. A falta de um poder centralizado possibilitou novas invasões, o que estimulou ainda mais a migração das pessoas das cidades para o campo, onde se colocaram sob a proteção dos senhores de terras.

Aos poucos, foram se formando comunidades rurais que produziam tudo de que necessitavam para sobreviver. Enquanto essas comunidades rurais se fortaleciam, a vida urbana e as atividades comerciais recuavam. A unidade que prevaleceu nesse momento foi aquela que se formou nas terras rurais, o feudo, uma porção de terra controlada pelo senhor feudal, um integrante da nobreza. A palavra “feudo” remete a um bem, as terras do senhor feudal. Porém, o feudo também podia ser um direito, como o de cobrar pedágios em pontes ou estradas que ficassem nas terras do suserano em troca de manter a segurança das pessoas que por elas transitassem.

Organização social

A sociedade feudal era formada por três grupos ou camadas sociais chamadas de ordens ou estamentos. De acordo com a tradição que foi estabelecida na Idade Média, cada grupo social tinha uma função, a qual deveria ser cumprida para que o equilíbrio da sociedade feudal fosse mantido. Havia os que rezavam (oratores), os que combatiam (bellatores) e os que trabalhavam (laboratores). Uma das principais características da sociedade feudal era a falta de mobilidade, ou seja, as pessoas eram destinadas a permanecer no grupo social em que haviam nascido e não poderiam mudar a sua condição social.

Clero
•Era o estamento mais elevado, formado pelo papa, pelos abades e pelos bispos, que tinham origem nobre, e por padres e monges.
•Tinha como função cuidar domundo por meio das orações.

Nobreza
•Esse segundo estamento era formado pela nobreza de sangue e hereditária.
•Estava organizada em uma rígida hierarquia na qual o mais alto integrante era o rei, seguido por duques, marqueses, condes, viscondes e barões. O cavaleiro era o último integrante na escala social do grupo e o único que não podia ser um senhor feudal.
•Sua função na sociedade feudal era proteger a Igreja e os mais fracos.

Servos
•Tinham como função trabalhar nos feudos na produção de alimentospara si e para os dois outros estamentos.
•Estavam ligados ao senhor feudal por relações servis e sua condição era hereditária, ou seja, o filho de um servo herdava os compromissos assumidos pelo pai.

A relação de servidão implicava no pagamento de uma série de tributos ao senhor feudal, que geralmente eram pagos em produtos, pois nos feudos havia pouca ou nenhuma circulação de moeda. Alguns dos tributos pagos pelos servos eram:
Corveia – obrigatoriedade de trabalhar três dias da semana nas terras do senhor.
Talha – parte dos produtos cultivados pelos servos que eram entregues ao senhor feudal.
Banalidade – taxa para uso do forno, do moinho ou do celeiro.
Mão-morta – taxa para permanecer na terra após a morte do chefe da família.

Suserania e vassalagem

A obtenção dos feudos pelos integrantes da nobreza se dava com base em uma hierarquia, na qual o rei ocupava o lugar mais elevado na escala social. O rei, então, era o maior suserano e doava um feudo para um outro integrante da nobreza, que passava a ser o seu vassalo. Esse vassalo poderia fazer novas doações de feudos, o que significa que poderia ser também um suserano. Em troca do feudo, o vassalo se comprometia a prestar ajuda financeira e militar ao suserano, que em contrapartida lhe daria proteção. Com a fragmentação das terras nas mãos dos vassalos, houve uma fragmentação do poder nas mãos dos senhores feudais. Esse processo se chama descentralização do poder e foi uma das características da Idade Média.

A doação de um feudo se dava em uma cerimônia chamada homenagem, que estabelecia as relações entre o vassalo e o suserano.

Os laços feudo-vassálicos eram estabelecidos por três atos, que correspondiam às necessidades recíprocas que justificavam sua existência. O primeiro era a homenagem, o ato de um indivíduo tornar-se “homem” de outro. O segundo era a fidelidade, juramente feito sobre a Bíblia ou relíquias de santos e muitas vezes selada por um beijo entre as partes. O terceiro era a investidura, pela qual o indivíduo que se tornava senhor feudal entregava ao outro, agora vassalo, um objeto (punhado de terra, folhas, ramo de árvore etc.) simbolizador do feudo que concedia.

As mulheres na Idade Média

No Período Medieval, as guerras e os conflitos entre os integrantes da nobreza eram constantes. Nessa sociedade guerreira, a força física era considerada um atributo masculino. A vida das mulheres da nobreza durante a Idade Média, assim como nas sociedades da Antiguidade, estava voltada à administração da casa e à criação dos filhos.

Contudo, como as guerras entre os integrantes da nobreza faziam parte da cultura medieval, era frequente as mulheres administrarem os feudos na ausência dos maridos.

A Igreja Católica

O cristianismo surgiu e se estruturou como religião durante o Império Romano. Com o fim do Império Romano do Ocidente, em 476 a.C., a Igreja Católica se manteve como única instituição centralizada e organizada na Europa Central, o que fez com que seu poder aumentasse. A religião fazia parte da vida cotidiana das pessoas que viviam na Idade Média, independentemente do seu estamento. Todos deveriam participar dos rituais da Igreja: no nascimento com o batismo, no casamento e na morte (extrema-unção). A presença na missa dominical e nas festas de santos era obrigatória, assim como o pagamento do dízimo.

Nos mosteiros da Igreja Católica, os monges copistas mantinham a tradição inaugurada no Reino dos Francos e atuavam na preservação dos livros da Antiguidade e na reprodução de textos bíblicos. A Igreja também criou escolas, as primeiras universidades e hospitais e realizou trabalhos de caridade, cuidando de doentes e mendigos.

A Igreja foi a maior proprietária de terras no período feudal. Homens preocupados com a espécie de vida que tinham levado e desejosos de passar para o lado direito de Deus antes de morrer doavam terras à Igreja; outras pessoas, achando que a Igreja realizava uma grande obra de assistência aos doentes e aos pobres, desejando ajudá-la nessa tarefa, davam-lhe terras; alguns nobres e reis criaram o hábito de, sempre que venciam uma guerra e se apoderavam das terras do inimigo, doar parte delas à Igreja; por esses e por outros meios a Igreja aumentava suas terras, até que se tornou proprietária de entre um terço e metade de todas as terras da Europa ocidental.

Tribunal do Santo Ofício

O crescente poder da Igreja se materializou com a criação, no século XIII, do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, que consistia em um tribunal formado por membros do clero com o objetivo de identificar, julgar e, se fosse necessário, condenar as pessoas acusadas de heresia.

Os hereges eram aqueles que tinham práticas ou pensamentos religiosos diferentes do determinado nos concílios. Pessoas inocentes acabaram queimadas, condenadas por heresia ou bruxaria nos Autos da Fé, como eram chamadas essas cerimônias. Diante dos inquisidores não existiam muitas possibilidades de defesa: era comum o acusado ser torturado até que confessasse, mesmo que fosse inocente.

Cruzadas

No ano de 1095, o papa Urbano II convocou os cristãos para formarem expedições militares para o Oriente, com o objetivo de expulsar os turcos muçulmanos que haviam tomado a cidade de Jerusalém, considerada sagrada para os cristãos. Cerca de 150 mil cristãos aceitaram a convocação papal e, liderados por integrantes da nobreza, se dirigiram à Terra Santa. Foram realizadas oito Cruzadas (de caráter oficial) e mais duas não oficiais, uma formada por mendigos e outra por crianças. Essas duas não conseguiram chegar ao Oriente.

Os cruzados lutavam pela fé cristã e também pelo perdão dos seus pecados, prometida pelo Papa àqueles que participassem das expedições. Com as Cruzadas, a nobreza sem terras buscava novas terras e riquezas no Oriente. Isso ficou claro na Quarta Cruzada, que se dirigiu a Constantinopla, cidade cristã, e que foi uma ação de pilhagem e saques.

As Cruzadas não conquistaram o seu intuito, o de recuperar a Terra Santa, mas trouxeram consequências para a intensificação do comércio entre o Ocidente e o Oriente pelo Mar Mediterrâneo. A recuperação de pontos de comércio que estavam sob controle de árabes e bizantinos permitiu que as rotas comerciais do Mediterrâneo fossem reabertas. O retorno das atividades de comércio com o Oriente estimulou a vida urbana, a produção artesanal e as relações comerciais. Mercadores das cidades de Veneza e Gênova, na Península Itálica, passaram a comercializar artigos de luxo do Oriente, como perfumes, tapetes, porcelanas e especiarias, o que trouxe riqueza e sofisticação para essas cidades.

Cultura Medieval

Durante a Idade Média, a Igreja Católica influenciou diretamente a cultura e a sociedade. A produção cultural estava voltada a temas religiosos e destinada à doutrinação dos fiéis. A maioria das pessoas era analfabeta, então a arte era uma forma de ensinar passagens da Bíblia e da vida à população. Os religiosos também dominavam a educação, e as escolas preparavam os alunos para a carreira eclesiástica.

Na arquitetura, as construções das catedrais são destaque desse período. Os estilos românico e gótico são genuinamente medievais.


ATIVIDADE


1-Qual o conceito de feudalismo?

2-Quais as características predominantes do feudalismo?

3-Como era dividida a sociedade feudal?

4-Como era a economia feudal?

5-Quais eram os estamentos sociais que predominavam na Idade Média e qual era a função de cada um deles?

6-As mulheres servas em um feudo viviam nas mesmas condições que a maioria das mulheres da nobreza?

7-Diferencie as relações servis das relações vassálicas:

8-Justifique a seguinte afirmação: durante o feudalismo, o poder estava descentralizado.

9-Quais motivações levaram os europeus a empreenderem o movimento das Cruzadas e quais mudanças esse movimento provocou na circulação de mercadorias na Idade Média?

10-Explique o processo que implicou no fim do sistema feudal e permitiu a formação das monarquias nacionais:

11-Quais estratégias utilizadas pelos senhores feudais para fortalecer e centralizar o seu poder, no processo de formação das monarquias nacionais?

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